Beto tinha uma vida que pode se classificar de estável, talvez até boa.
Bom emprego em uma multinacional, salário alto, carro, apartamento modesto, mas quitado, vida social intensa. Era amigo dos amigos, participava de todas as confraternizações da empresa e era tido como "uma boa pessoa", em todos os sentidos.
Tudo o que boa parte das pessoas classificaria como o ideal.
Mas para ele não. Aquela cara de bom moço, sorriso fácil e o choppinho com a galera não trazia o que ele buscava. Na verdade, nem ele sabia o que estava querendo para si, mas tinha a certeza que não era aquilo. E assim foi, nas poucas vezes que externou isso para alguém que julgava ter o mínimo de interpretação coerente, foi reprimido, muitas vezes com a indagação "você é louco"?.
Acabou reprimindo aquilo. Tendo como ouvinte, apenas sua alma.
Evitava pensar, pois lhe deixava confuso. Questionava-se sempre achando que talvez o que ele queria era sempre o que não tinha. Dizia pra si mesmo: " o que mais invejo é o que não vejo".
Invejava muita coisa que via também. Desde um bon vivant até o hippie da esquina.
Enxergava em cada um, uma qualidade diferente. Uma forma de ser que ele não conseguia para si, mesmo tendo a consciência disso. Não queria ser nem um, nem outro, não queria ser nenhum.
Mas admirava nessas pessoas a coragem do ato, de mostrar ao mundo que não basta ser apenas como a sociedade exige, basta ser aquilo que tem vontade.
Ele nunca quis jogar tudo pro alto. Apesar de ouvir que era radical, pois extravasava essa angústia em outras ações, por mais simples que elas podiam parecer. Mas assim, magoou muita gente, agiu errado, culpou vários, quando o errado era ele com seu conflito mal resolvido.
Apesar de poucos deslizes, caminhou na vida como manda o figurino.
Agiu como todos esperavam dele.
A família orgulhosa, os amigos felizes, tudo ao seu redor conspirava a favor.
Mas, a favor das coisas como são, não como ele queria.
Nessa longa caminhada da vida, quando os pensamentos o incomodava ainda mais, encontrou muita gente. Em uma cafeteria tradicional da cidade, conheceu um casal de Suiços que viajam o mundo. "Não, não eram ricos", respondia ele quando contava maravilhado para alguém o que ouvira dos branquelos-gente-fina (como definiu).
Um dia, conversou muito com ativistas que defendiam a salvação da natureza como a única sobrevivência humana na terra. Achou aquele papo meio chato, mas ouviu, ouviu e ouviu...olhando nos olhos deles e enxergando apenas uma coisa: coragem!
A coragem que para ele não era ser irresponsável, jogar tudo pro alto, sair por ai sem rumo, a coragem era apenas o ato de fazer aquilo que realmente o deixaria feliz, ou quem sabe, um pouco.
Um pouco de coragem não faria mal a ele.
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Bom emprego em uma multinacional, salário alto, carro, apartamento modesto, mas quitado, vida social intensa. Era amigo dos amigos, participava de todas as confraternizações da empresa e era tido como "uma boa pessoa", em todos os sentidos.
Tudo o que boa parte das pessoas classificaria como o ideal.
Mas para ele não. Aquela cara de bom moço, sorriso fácil e o choppinho com a galera não trazia o que ele buscava. Na verdade, nem ele sabia o que estava querendo para si, mas tinha a certeza que não era aquilo. E assim foi, nas poucas vezes que externou isso para alguém que julgava ter o mínimo de interpretação coerente, foi reprimido, muitas vezes com a indagação "você é louco"?.
Acabou reprimindo aquilo. Tendo como ouvinte, apenas sua alma.
Evitava pensar, pois lhe deixava confuso. Questionava-se sempre achando que talvez o que ele queria era sempre o que não tinha. Dizia pra si mesmo: " o que mais invejo é o que não vejo".
Invejava muita coisa que via também. Desde um bon vivant até o hippie da esquina.
Enxergava em cada um, uma qualidade diferente. Uma forma de ser que ele não conseguia para si, mesmo tendo a consciência disso. Não queria ser nem um, nem outro, não queria ser nenhum.
Mas admirava nessas pessoas a coragem do ato, de mostrar ao mundo que não basta ser apenas como a sociedade exige, basta ser aquilo que tem vontade.
Ele nunca quis jogar tudo pro alto. Apesar de ouvir que era radical, pois extravasava essa angústia em outras ações, por mais simples que elas podiam parecer. Mas assim, magoou muita gente, agiu errado, culpou vários, quando o errado era ele com seu conflito mal resolvido.
Apesar de poucos deslizes, caminhou na vida como manda o figurino.
Agiu como todos esperavam dele.
A família orgulhosa, os amigos felizes, tudo ao seu redor conspirava a favor.
Mas, a favor das coisas como são, não como ele queria.
Nessa longa caminhada da vida, quando os pensamentos o incomodava ainda mais, encontrou muita gente. Em uma cafeteria tradicional da cidade, conheceu um casal de Suiços que viajam o mundo. "Não, não eram ricos", respondia ele quando contava maravilhado para alguém o que ouvira dos branquelos-gente-fina (como definiu).
Um dia, conversou muito com ativistas que defendiam a salvação da natureza como a única sobrevivência humana na terra. Achou aquele papo meio chato, mas ouviu, ouviu e ouviu...olhando nos olhos deles e enxergando apenas uma coisa: coragem!
A coragem que para ele não era ser irresponsável, jogar tudo pro alto, sair por ai sem rumo, a coragem era apenas o ato de fazer aquilo que realmente o deixaria feliz, ou quem sabe, um pouco.
Um pouco de coragem não faria mal a ele.
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