quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

CPICBFPAN - Siglas que não se juntam

Parece fácil conseguir arquivar CPI´s no Brasil, ainda mais quando são ligadas ao esporte. Semanas atrás a CPI que propunha investigar as ações ilegais da CBF foram todas arquivadas em uma desistência em massa de deputados e senadores. O curioso é que a imensa maioria dos deputados desistentes é de Minas Gerais, mais de 65% do total. E as coincidências não param por aí, o tão desejado jogo entre Brasil e Argentina da eliminatórias para a Copa do Mundo de futebol será disputado no Mineirão, e ainda certamente teremos grandes jogos aqui em Belo Horizonte em 2014. Parece que a amizade do senhor Ricardo Teixeira com o governador Aécio Neves é fiel.


A CPI do Pan foi arquivada. Também, com grandes medalhas conquistadas quem vai querer se preocupar com investimentos ilegais e super faturamentos? Para que investigar a CBF se teremos uma tão sonhada Copa do Mundo no Brasil?


Pão, circo e silêncio para todos!




Cesar Maia consegue evitar CPI do Pan mais uma vez
Terceira tentativa de instalação da comissão criada para apurar denúncias de má-gestão financeira dos Jogos Pan-Americanos é esvaziada pela base governista. Investigações seguem na Polícia Federal e no Tribunal de Contas da União.
Maurício Thuswohl - Carta Maior


RIO DE JANEIRO – Mais uma tentativa, talvez a última, de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito criada para apurar as denúncias de má-gestão dos recursos financeiros destinados à organização dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro foi anulada pela base governista na Câmara dos Vereadores. Atendendo a um pedido do prefeito Cesar Maia (DEM), os parlamentares da base indicados para compor a CPI esvaziaram a sessão de abertura dos trabalhos, marcada para a última quarta-feira (21), e deixaram sozinho no salão do Cerimonial da Câmara o vereador Eliomar Coelho (PSOL), proponente e presidente da comissão.

O esvaziamento da sessão não foi exatamente uma surpresa, já que esta era a terceira tentativa de instalação da CPI do Pan feita por Eliomar. Nas outras duas, a máquina governista agiu para impedir a seqüência dos trabalhos, pois três dos cinco vereadores que compõem a CPI atuam fechados com Cesar. A primeira tentativa de instalação da comissão aconteceu em junho, pouco antes dos Jogos, mas foi rechaçada sob o argumento de que “mancharia a imagem da cidade e comprometeria a realização do Pan”.


A segunda tentativa aconteceu em agosto, após o término dos Jogos. Dessa vez, a maioria governista decidiu adiar a instalação até que fosse concluído um relatório produzido por um outro grupo de trabalho parlamentar destacado para acompanhar o Pan. Em ambas as ocasiões, a CPI do Pan foi adiada pelo placar de 3 a 2. Além de Eliomar, votou nas duas vezes pela instalação da comissão a vereadora Patrícia Amorim (PSDB). Votaram contra, nas duas vezes, os vereadores Luiz Guaraná (PSDB), Nadinho de Rio das Pedras (DEM) e Carlo Caiado (DEM).


Curiosamente, ninguém, além de Eliomar, apareceu na terceira tentativa. Nem mesmo Patrícia Amorim, ex-atleta pan-americana que defendia ardorosamente a criação da CPI do Pan. A assessoria da vereadora informa que, no dia da instalação, Patrícia estava envolvida com as investigações sobre a morte do jogador de basquete norte-americano Tony Lee Harris, encontrado morto na cidade de Formosa (GO) após um suposto suicídio.
O vereador Nadinho de Rio das Pedras, mesmo que quisesse, também não poderia ter aparecido, pois na quarta-feira (21) era dado como foragido pela polícia. Inspiração para o personagem Juvenal Antena - interpretado por Antônio Fagundes na novela “Duas Caras” da TV Globo - Nadinho é acusado de envolvimento no assassinato do inspetor da Polícia Civil Félix Tostes, que dividia com ele a liderança comunitária na favela de Rio das Pedras, copiada na ficção pela favela da Portelinha.


Luta desigual
Carlo Caiado é uma peça firme da base governista. Luiz Guaraná não tem ligação política direta com Cesar Maia, mas é considerado o braço-direito do secretário estadual de Esportes, Eduardo Paes, agora no PMDB, que também se empenha contra a CPI do Pan e conta com a benção do governador Sérgio Cabral Filho. O resultado desse esvaziamento é que a CPI não mais será instalada este ano. Talvez não o seja nem mesmo no ano que vem: “É uma luta desigual”, resume Eliomar Coelho.


Todo o esforço político de Cesar para impedir a abertura da CPI do Pan, na avaliação de Eliomar, indica que o prefeito “tem de fato algo a esconder” sobre a gestão financeira dos Jogos: “Se tudo estivesse limpo e se os Jogos Pan-Americanos tivessem sido administrados de forma responsável, o prefeito não temeria tanto a abertura da CPI. Queremos apurar se houve malversação das verbas. O Ouro do Pan não foi para os atletas, isso eu garanto”, diz o vereador do PSOL.


Denúncias de superfaturamento
Antes do Pan, a Prefeitura do Rio e o Comitê Gestor dos Jogos Pan-Americanos (CO-Rio) estimavam em R$ 400 milhões o custo total das obras necessárias à realização das competições. Esse, no fim das contas, acabou sendo o valor gasto somente em uma das obras: o Estádio Olímpico João Havelange, orçado inicialmente em R$ 170 milhões. Segundo o publicado no Diário Oficial do Município, o custo total do Pan foi de R$ 1,2 bilhão. Parlamentares da oposição, no entanto, estimam que ele possa ter ultrapassado os R$ 3 bilhões.


As denúncias também apontam para o esquema de venda de ingressos para as competições do Pan. As irregularidades cometidas, segundo a oposição, vão desde a venda de ingressos em duplicidade até a venda de ingressos para “torcedores-fantasmas”, passando por falsificação de ingressos e por falhas na entrega dos ingressos comprados pela internet. Em alguns casos notórios, como nas semifinais e finais do vôlei e do basquete, os ginásios tiveram lotação muito menor do que indicava o número de ingressos anunciados como vendidos.


Aparentemente esgotadas as iniciativas pela CPI do Pan na Câmara dos Vereadores, resta aguardar a conclusão das investigações sobre as eventuais irregularidades cometidas pelo Comitê Gestor dos Jogos, que estão sendo realizadas pela Delegacia de Crimes Financeiros da Polícia Federal em parceria com o Ministério Público. Outra investigação corre no Tribunal de Contas da União (TCU), que já chegou a determinar a suspensão de todos os pagamentos relativos aos convênios e contratos firmados entre uma das empresas fornecedoras de materiais, o Ministério dos Esportes e os governos estadual e municipal do Rio.




Fonte: http://www.cartamaior.com.br/

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