terça-feira, 30 de dezembro de 2008

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Emocionante, forte e real.

Em meio a correria que é o final do ano, consegui, enfim, assistir o filme "Batismo de Sangue".
Apesar de ter sido lançado em 2007, e da minha imensa vontade em assisti-lo na época, só agora, pude vê-lo.

Baseado no livro de Frei Betto, que aliás também recomendo, o filme de Helvécio Ratton conseguiu apresentar muito bem a história contada no livro.
Confesso que poucos filmes, na minha opinião, conseguem traduzir para a linguagem cinematográfica, a grandeza de riquezas propostas no livro. E este é um dos casos.

Apesar de tardio, para quem ainda não assistiu, vale muito a pena conhecer um pouco mais da história do país em que vivemos. E acima de tudo, entender que muitas coisas de hoje, são reflexos desta época.

"...um povo que não conhece seu passado, não compreende seu presente e é incapaz de projetar seu futuro".

domingo, 30 de novembro de 2008

Oxigenar

Olá pessoas,

está rolando um projeto interessante em Belo Horizonte.
Trata-se do BH Music Station, que apresenta diversas atrações culturais dentro do metrô da capital.

Teatro, poesia, circo e claro, muita música.
Quem quiser saber mais: http://www.bhmusicstation.com.br/
"A estação do som. Um trem diferente".


Neste sábado, entre outras coisas, rolou o show da Nação Zumbi.
Muito bom!
Confiram as fotos na "ladainha fotografica": www.fotolog.terra.com.br/litania

Ainda tem muita coisa boa pra rolar.


Abraços!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Poesia

Uma de muitas poesias lindas escrita por um grande amigo!


Seu crer espanta,
sopra o sentido correto.
Suas falas deturpam,
de todo o escrito.
Sua verdade,
corrige a rota.
Meu credo,
era vento de tempestade.
Minhas falas,
foram poucas.
Meu escrito,
foi o sentido.
Meu caminho,
é o seu .
Marcos Bernardes

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dia de consciência

um salve
a todos que tem consciência
que somos todos iguais.
Alma,
não tem cor.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Campanha de lançamento - Site do Galo






Créditos:
Campanha “Mostre sua paixão pelo Galo”
Criação: Agência Orgânica
Cliente: Clube Atlético Mineiro
clique na foto para ampliar

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Notícias que podem mudar sua vida! Ou não.

As coisas acontencem em uma velocidade surpreendente.
Isso não é nenhuma novidade para ninguém hoje em dia.
A necessidade de noticiar tudo ao mesmo tempo e o tempo todo, faz surgir fatos curiosos e muitas vezes desnecessários.

Hoje, por exemplo, como não poderia ser diferente, todos os meios de comunicação comentam a vitória do Obama nas eleições "estadunidenses".
É um fato histórico da política de lá (que reflete cá, e por todo lado).
Um negro presidente dos Estados Unidos, um dos países com maior histórico de racismo no mundo. Impensável? Se enganou, quem achou.
O discurso de Obama parece alinhar melhor a visão do mundo como um todo, muito diferente do Bush "Jr". Por enquanto, discurso. Da data de hoje para frente é que veremos o que realmente mudará na política mundial. Foi eleito um novo presidente do mundo! Será?!

Crise mundial ainda reflete nos noticiários e na vida de todos. Uns mais, outros menos.
Ontem vi uma reportagem interessante e curiosa no terra, o título era mais ou menos assim:
"...Crise financeira deixará 20 milhões de pessoas no mundo em estado crítico de probreza...".
Sem romântismo ideológico algum, mas é triste essa realidade. Não surpreende, é até óbvia, mas é complicado entender que por especulações e ganância de se ganhar dinheiro fácil de alguns, milhões de outros pagam o pato. Os poucos estão vendendo alguns bens, os muitos não terão o que comer. E por aí segue a lógica do capitalismo.

Em meio a isso tudo, tanta notícia que apesar de muita gente não perceber, nos atinge direto ou indiretamente, eis que surge em todos os sites, portais, revistas, jornais, tv´s, a notícia da briga de Luana Piovani e Dado Dolabella. Bom, tudo bem, entendo que há uma indústria de consumo de fofocas no Brasil e no mundo, talvez até uma tendência atual, mas há uma semana essa notícia crucial (?!?!) vem sendo manchete por todo lado.
Diferente das notícias acima, isso não interfere em nada na minha vida, nem na sua.
Isso, sinceramente, pouco importa.
O curioso é que a notícia vai gerando novas notícias e desencadeando um hipertexto incrível.
Porque raios eu quero saber qual foi a primeira festa que a menina foi depois de ter brigado com o garoto?
"Ah nem, ah não, ah nem dá".

Que sigam as coisas como devem ser e pra quem possa interessar.
Mas ninguém nunca vai me convencer a cair na vala comum.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Show


Amanhã dia 5 de novembro, quarta-feira, terá no Palácio das Artes em BH o show do Marcelo Camelo, lançando seu cd solo "sou".
Quem tiver afim de conferir, ainda restam alguns ingressos.

Abaixo, link com informações sobre o show:



Posteriormente comentarei aqui o que achei do show, se é que alguém interessa! rs...

Abraço!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Muitos anos de vida!


No último dia 25 de outubro, sábado passado, este blog completou seu primeiro ano de vida.

Como o velho clichê o "tempo passa rápido", o que começou como uma brincadeira, continua uma brincadeira, talvez um pouco mais séria apenas. Mas este espaço ainda é pra mim o local onde esponho minhas opiniões sobre tudo que me incomoda ou me deixa feliz.

E é sempre bom ler os comentários que os leitores/amigos postam.
Este retorno é de extrema importância para debater todas as questões propostas.

Essa inquietação começou com o incentivo do Stefano, que inclusive foi quem me ajudou a definir o nome do blog. E continuou, graças as leituras e comentários de vários amigos, que sempre aparecem por aqui.

Então, muito obrigado pelo apoio e apareçam sempre.

A ladainha continua!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Quem diria!

É, quem diria.

As eleições não acabaram no primeiro turno, como todos nós prevíamos (inclusive "eles") e as primeiras pesquisas do segundo turno já mostram o "outro" na frente.

As coisas mudam. De uma forma, sem entrar em demais méritos, isso aponta algumas questões interessantes, não necessariamente boas. Parece que eleger um "poste" não é tão simples assim.
E muita gente vai sair com a imagem queimada depois disso tudo. É o que indica.

Vamos esperar mais um pouco para vermos o que o futuro reserva para Belo Horizonte.

Mas, a sensação que tenho, é que de uma forma ou de outra, não é muito promissor o quem por aí.

Aguardamos as novas!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Aliança de lata!

Vem sendo "divertido" acompanhar o processo das eleições aqui em Belo Horizonte.
Os comentários, as desconfianças, os apoios, enfim, tudo que cerca este período de tempo a cada dois anos.

Especificamente aqui, que é onde moro (apesar de não votar nesta "zona" eleitoral), apresenta fatos curiosos para todos os eleitores e não eleitores locais.

A bola e comentário da vez, é o tal do Márcio Lacerda. Quem?! Bom, acho que todos aqui já conheceram um pouco dele, com muita insistência propagada pela campanha eleitoral.
Outro dia vi um dado interessante, antes do início dos vt´s na tv, Márcio Lacerda tinha 8% da intenção de voto. Hoje, segundo a última pesquisa, o dito cujo já está com 48% e caminha para eleição no primeiro turno.

O "candidato da aliança" tem como base de campanha as figuras tão bem quistas do governardor Aécio e do prefeito Pimentel. Um ali, ao lado do outro, mostrando que a tão falada "aliança" tem o apoio dos dois. O que me deixa intrigado é que até então, não se vê na campanha de tv e de mídia impressa, muitas propostas ou diretrizes a serem realizadas por ele, o que vejo sempre é a figura dos dois "braços de ferro" mostrando que assim, "pode confiar".

Isso aqui é uma reflexão, sem intenção partidária. Mas o que não consegui e não consigo compreender é essa aliança mineira do partido da estrela com a tucanada. Ao meu ver, incabível na sua essência, mas que na atual conjuntura do PT, é até compreensível, não aceitável, ao menos pra mim.
Bem faz o Patrus que falou poucas e boas no observatório da imprensa e se recusa a subir em palanque.

A segunda colocada, que caminhava bem nas pesquisas, até a "aliança" aparecer, me parece já derrotada diante da atual conjuntura. A Jô Moraes há algum tempo, me arrancava admiração e até um voto, o que hoje não posso dizer o mesmo. Depois de estranhamente ser uma das deputadas que se abstiveram (sem mais e sem menos) na votação que iria implantar a CPI para investigar a CBF e o digníssimo Ricardo "Treta" Teixeira, e de não responder sequer um dos 9 e-mails relativos ao tema enviados por mim (todos registrados e arquivados), não me causa nada além da certeza que as coisas mudam de acordo com o lado do balcão que você esteja.

Enfim, a interrogação toma conta da cidade acerca do futuro. Depois de tão bem administrada, será que teremos prossegmento com o talzinho aí? O tempo dirá.
O tempo também trará como árvore, a semente plantada agora por Pimentel e o "Netinho", futuras árvores no governo estadual e federal. Será?! Não sei, tenho minhas dúvidas.


PS.: A cor predominante da campanha do Márcio Lacerda é laranja.
Apenas para registro!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Dissabores

Amargo é o sabor do que foi,
do que não é mais,
do que deixa de existir assim,
da noite pro dia.

O dissabor de perceber
a fragilidade das decisões.
Decisão que parte da vontade
ou da aceitação do novo.

Do querer e não poder
ou do poder e não querer.

Mudanças são recheadas de dissabores ocultos.

Toda solução, gera um novo problema!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Mais som!

Macaco Bong



Pata de Elefante


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Novo espaço

Já postei aqui algumas vezes sobre Celso Lungaretti. Falei sobre seu livro, textos e crônicas.

Agora, segue novo espaço criado pelo Celso para debater interessantes assuntos, como de praxe.

Endereço do blog: http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/

Quem se interssar, passa por lá. Vale a pena!

Abraços.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

(in)verdade absoluta!

Semana passada, em um blog que sempre freqüento, me deparei com um post que falava um pouco de um tema, ou na verdade, uma expressão que sempre desperta a minha curiosidade e em alguns momentos, ira. A tal da “verdade absoluta”.

Nas nossas relações sociais, se você parar pra pensar, a todo momento se depara com uma dessas verdades.

Me lembro quando era criança, nas viagens de férias para a casa da minha avó, sempre me intrigava o fato de não poder sequer por um segundo, deixar o chinelo “virado”. Segundo ela e suas crenças (que a família toda seguia), esse ato poderia até culminar na morte de um ente querido. Sem contar as misturas de comidas que eram proibidas a pena de boas palmadas.

Acho que a minha curiosidade por este tema, despertou neste período.
O chinelo ficou virado, escondido, e ninguém morreu.

Daí em diante, sempre me vejo com este assunto em mente (como aconteceu agora).
Só que as coisas aprofundam e complicam um pouco mais. Hoje não é um costume familiar, uma crendice, as coisas mudaram e a percepção sobre estas verdades ficam mais latentes.
Todas as pessoas tem uma verdade sobre algo. Na publicidade então, que é meu dia-a-dia, é muito comum ouvir que propaganda só funciona se for assim, assado, e que não tem resultado algum se for feito de outra maneira. Isso apesar de todas as pesquisas científicas do setor mostrarem algo um pouco diferente deste conceito popular.

Enfim, a sociedade em si tem as suas verdades absolutas. Suas frases prontas, seus conceitos definidos. As Igrejas, cada uma tem a sua verdade que os fiéis devem seguir sem questionar ou duvidar. Especificamente neste caso, me lembro de uma música do Raul Seixas, chamada “As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”:

“...Eu já passei por todas as religiões
Filosofias, políticas e lutas
Aos onze anos de idade
Eu já desconfiava da verdade absoluta...”

É mais ou menos isso que me acompanha, esta desconfiança e incerteza dos propagadores de verdades absolutas.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Blues da Piedade

"Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça

Vamos pedir piedade
Pois há um incêncio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem"

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Jogos

Tudo pronto. O maior clássico do futebol mundial, novamente sendo realizado em Minas Gerais.
Nada melhor para a popularidade do "Netinho".

Prêmio para Pelé, discurso bonito, aplausos calorosos, até alguns gritos de presidente foi possível ouvir em meio as palmas. Campanha para a ser uma das principais sedes da Copa de 2014.
Tudo perfeito para alguém que conduz um governo da forma mais esdrúxula possível, calando quem quer que se manifeste contra e censurando toda a imprensa.

Em Minas Gerais, não existe imprensa na política, existe o que pode ou não ser veiculado.

Esse jogo de ontem lembrou a copa de 70 e a ditadura militar da época, pão e circo pra todos.
Sirvam-se.

Bom, nada contra o jogo, foi ótimo viver a experiência de ontem, apesar do jogo em si não ter sido bom, foi um momento histórico estar no mineirão ontem.
O que questiono sempre, é o que está por trás, o "além do que se vê".

Pra ilustrar, seguem link´s do vídeo que mostra o que mencionei acima, "Liberdade - essa palavra":


Parte 1:

http://br.youtube.com/watch?v=88ZtDk9zxb8&feature=related


Parte 2:

http://br.youtube.com/watch?v=IEeNDdVsyVU&feature=related


Final:

http://br.youtube.com/watch?v=mc3YR5614kg&feature=related

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Várias caras

Há tempos tenho falado sobre o tema que este post aborda.

Até pensei que fosse "implicância" minha ou "exagero de visão", pois, as coisas quando estão muito óbvias geram até dúvidas se realmente são o que é.

Enfim, o Paulo Henrique Amorim postou sobre exatamente o que tenho dito.
Para quem não acessa o blog dele, segue o link:

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/materias199.asp

Afinal, qual é este assunto? Bom, clica aí.

Hasta!

domingo, 18 de maio de 2008

Ausência e agradecimento!

Olá pessoas,

este é um post um pouco diferente do habitual.

Primeiro porque é um pedido de desculpa pela enorme ausência.
Nunca passei tanto tempo sem postar. Não deixei o blog de lado e nem a ladainha, foi por enorme falta de tempo e um pouco de negligência.

Mas, este post é para fazer um agradecimento em especial.
Fui honrosamente convidado por uma amiga para "falar" para seus alunos.
A Nayara, além de uma grande amiga, é professora da Puc Minas, no campus de Arcos, onde formamos juntos. Os alunos dela tiveram como desafio fazer um trabalho sobre este blog, e o resultado foi surpreendente.

Propuseram ações muito interessantes e entenderam perfeitamente o que busco com este espaço: contribuir e dialogar sobre os mais variados temas, tentando sair da inersa do senso comum.

Então, escrevo este post para agradecer o contato que tive com os alunos do curso de publicidade da Puc Minas Arcos. Foi realmente um encontro agradável, sensato e produtivo.

E o resultado deste encontro, vocês verão em breve. O blog passará por várias modificações que farão com que este espaço tenha maior visibilidade e produtividade.

Obrigado e segue a inquietação.

Éder Milani

segunda-feira, 31 de março de 2008

Entrevista: Celso Lungaretti

Em alguns post´s atrás, mencionei a leitura do livro "Náufragos da Utopia" (ver: http://alitania.blogspot.com/2008/02/resgate-histrico.html), onde citava a importância do resgate histórico e a necessidade de entender e avaliar a história, vista pelos dois lados.
Abaixo, segue entrevista de Celso Lungaretti a "A Tribuna" onde se pode constatar um pouco mais sobre a sua luta pessoal (em mostrar a verdade dos fatos) e sua contribuição para a história do país.

É necessário ressaltar a importância de conhecer a história e lutar pela justiça, como bem disse Lugaretti: "... diante das injustiças extremas, ser omisso é ser cúmplice".




Entrevista: Celso Lungaretti
Jornalista, escritor, ex-militante da VPR e ex-preso político


Lídia Maria de Melo
Editora de Local

A família de Celso Lungaretti não era politizada em 1964, quando o golpe militar do dia 31 de março derrubou o governo do então presidente João Goulart. ‘‘Os acontecimentos políticos ainda pareciam distantes da minha realidade’’, lembra o jornalista, escritor e ex-preso político que tinha 13 anos na época.

Três anos depois, seguindo ‘‘o sentimento difuso de contestação da autoridade’’ que havia na juventude brasileira e de outros países, Lungaretti ingressou no movimento estudantil. ‘‘O rito de passagem passou a ser a luta política’’.

Estava com 18 anos, quando o marechal Arthur da Costa e Silva assinou o Ato Institucional (AI) nº 5, em 13 de dezembro de 1968, e o País perdeu suas garantias constitucionais. O Congresso foi fechado e direitos civis e políticos ficaram suspensos.

O jovem Lungaretti, então, assumiu o codinome de Júlio e tornou-se o mais novo entre os dirigentes de uma organização de esquerda que defendia o combate à ditadura pela luta armada, a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

Ao lado de Carlos Lamarca, atuou em um campo de treinamento de guerrilha no Vale do Ribeira em 1970. Ex-capitão do Exército e exímio atirador, Lamarca havia desertado do 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna (SP), e se tornara um dos maiores inimigos do regime.

Logo depois, Lungaretti foi preso. Permaneceu incomunicável e sob sessões constantes de torturas. Em consequência, teve um tímpano perfurado e abalo mental. Acabou revelando a localização da área de treinamento desativada no Vale do Ribeira. O Exército, no entanto, descobriu o campo ativo e cercou Lamarca, que conseguiu escapar ileso. A partir daí, Lungaretti foi classificado como delator pela VPR.

Soube disso porque seu nome não foi incluído na lista de presos políticos que deveriam ser libertados em troca do cônsul da Alemanha, Ludwig Von Holleben, sequestrado pela organização.

No limite de suas forças, Lungaretti cedeu à pressão e renunciou a seus ideais. Uma carta e sua foto foram publicadas em jornais. Diante de câmeras de TV, foi forçado a se arrepender.

Por 34 anos, se viu estigmatizado. Só em 2004, suas versões dos fatos foram aceitas pela Comissão Nacional de Anistia. No ano seguinte, publicou o livro Náufrago da Utopia — Vencer ou Morrer na Guerrilha. Aos 18 anos, pela Geração Editorial.

Em entrevista a A Tribuna, Celso Lungaretti, hoje com 57 anos, fala sobre sua experiência na VPR, sobre tortura e as consequências da ditadura para o País. Também critica a posição do jornalista Elio Gaspari sobre o episódio da explosão de uma bomba no consulado dos Estados Unidos, em São Paulo, na noite de 20 de março de 1968.

O que o levou, aos 18 anos, a aderir à luta armada para combater a ditadura?

Comecei a fazer movimento estudantil em 1967. Em seu processo de afirmação, os jovens já não se chocavam mais com os pais repressores, e sim com o ‘‘sistema’’. Em 1968, tornei-me dirigente do movimento secundarista em toda a Zona Leste de São Paulo. Quando o acirramento da repressão tornou praticamente suicida o trabalho de massas, só os oito líderes estávamos dispostos a seguir em frente, correndo todos os riscos em nome dos ideais de liberdade e justiça social.

Nem todas as organizações de esquerda pegaram em armas. Como avalia essa opção?

Havia uma ditadura feroz, que respondeu à resistência desarmada com torturas e assassinatos, além de deixar os paramilitares de direita agirem à vontade. Depois da assinatura do AI-5, mergulhando o Brasil num terrorismo de estado que chegava a lembrar o nazi-fascismo, as opções passaram a ser: 1) não atuar politicamente, à espera de dias melhores; 2) atuar de forma anódina, sem incomodar realmente a ditadura; 3) atuar de forma consistente no seio das massas e ser logo preso e barbarizado; e 4) atuar na clandestinidade, pela via armada, o que permitia, pelo menos, permanecer algum tempo na luta e devolver golpes do inimigo, causando-lhe problemas. Então, a minha avaliação é de que agimos como verdadeiros cidadãos e pagamos um preço terrível por isso.

Seu livro aborda o treino de guerrilha junto com Lamarca no Vale do Ribeira. Por que o sr. foi acusado de delação?

Fiz parte da equipe precursora que foi implantar uma escola de guerrilha na região de Registro. O sítio que adquirimos tinha muitos inconvenientes. Passados dois meses, resolvemos abandonar essa área. Fui preso depois de quatro meses e, após ser torturado um dia inteiro, revelei a localização daquela área de treinamento abandonada, por saber que de nada serviria para a repressão. Realmente, os militares mandaram duas equipes para investigar e elas voltaram de mãos abanando. Aí houve novas prisões no Rio de Janeiro e a área ativa foi descoberta. Lamarca liderou a fuga de um pequeno grupo de guerrilheiros, que logrou escapar de militares treinados e melhor equipados. Logo em seguida, houve o sequestro do embaixador alemão e eu deixei de ser incluído na chamada lista de troca. Pelos critérios da organização, eu tinha direito de ser libertado. Adivinhei que estavam me atribuindo erroneamente a responsabilidade pela queda da área de treinamento. Demorei 34 anos para conseguir provar, a partir de relatórios secretos militares, que a delação da área ativa partiu de outra pessoa, cujo nome, por questão de princípio, prefiro omitir. Quando o historiador Jacob Gorender avalizou minha versão, admitindo em seu próprio livro Combate nas Trevas que estava errado a meu respeito, começou o processo da minha reabilitação.

O sr. foi obrigado a renunciar a seus ideais. Qual foi o teor da declaração?

Foram mais de dois meses de incomunicabilidade, embora mesmo as leis de exceção daquele tempo só permitissem um mês. Cheguei no limite das minhas forças. Depois de ter o tímpano do ouvido direito estourado e sob ameaça de morte, acabei participando de uma farsa de arrependimento, gravada no estúdio da TV Globo no Jardim Botânico (RJ) em plena madrugada e levada ao ar em cadeia nacional. O objetivo do Serviço de Inteligência do Exército foi reforçar o impacto obtido com a rendição do jovem Massafumi Yoshinaga, que renegou os ideais revolucionários (e depois se suicidou). Quanto às declarações que eu dei, só uma vinha do fundo da minha alma: o conselho a outros jovens para que não entrassem na luta naquele momento, pois já estava perdida e eles se sacrificariam à toa.

Seu livro é uma forma de esclarecer esses episódios históricos?

Quando escrevi, eles já estavam esclarecidos. O Gorender me inocentara no episódio de Registro e o relator do meu processo na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (Márcio Gontijo, ex-presidente da Seção Brasileira da Anistia Internacional) me qualificara de um dos pleiteantes mais atingidos em seus direitos pelo arbítrio ditatorial. Então, pude fazer o livro com um foco mais nobre: mostrar os riscos a que estão sujeitos os jovens quando participam de uma guerra de adultos. Quis fazer justiça ao sacrifício dos companheiros e amigos que entraram comigo na guerrilha. Que erros a esquerda cometeu no combate à ditadura?Independentemente de erros, o desfecho acabou sendo o mesmo nos vários países latino-americanos em que se implantaram ditaduras militares durante as décadas de 1960 e 1970. Então, eu diria que eram lutas impossíveis de serem vencidas — e, ainda assim, teria sido indigno nem sequer havê-las travado. No caso específico do Brasil, os grupos guerrilheiros superestimaram a insatisfação popular perceptível em 1968 e 1969. Sendo o Brasil um país pobre, bastou os Estados Unidos aumentarem substancialmente seus investimentos para a economia decolar e o regime passar a ser apoiado, principalmente pela classe média.

Hoje, a população está ciente do que ocorreu no País de 1964 a 1985?

Não. Boa parte dos jovens não quer nem saber do passado, como se o mundo só tivesse começado a existir no dia em que eles nasceram. Há também aqueles cidadãos idosos para quem a ditadura está associada às lembranças de dias melhores. Como naquele tempo a imprensa era rigidamente censurada, têm a falsa impressão de que havia menos corrupção e criminalidade. Então, ajudam a espalhar uma visão deturpada dos anos de chumbo, que vem ao encontro da propaganda atordoante de uma extrema-direita golpista que, encastelada em sites neo-integralistas, sonha com um novo 1964.

No caso do atentado ao consulado dos Estados Unidos em 1968, no qual o santista Orlando Lovecchio perdeu parte de uma perna, que erros estão sendo divulgados atualmente?

Este é um ótimo exemplo da demagogia inspirada pela direita. A Comissão de Anistia recomendou o pagamento de uma pensão a Diógenes de Carvalho, por ter sido preso e torturado pela ditadura. Cabe ao ministro da Justiça decidir se aceita ou não tal recomendação. Aí o jornalista Elio Gaspari colocou em sua coluna dominical, publicada em vários jornais, que Diógenes receberia duas vezes mais do que a vítima de um atentado por ele cometido, Orlando Lovecchio. Gaspari omitiu: que a pensão de Lovecchio foi concedida pelo Congresso Nacional, cujos procedimentos são diferentes dos do Ministério da Justiça, daí a impropriedade de quaisquer comparações; e que não havia evidências para acusar-se Diógenes de ser autor do atentado, além dos inquéritos policiais-militares da ditadura, contaminados pela prática generalizada da tortura e que, juridicamente, não valem absolutamente nada hoje em dia. Daí minha indignação contra Gaspari, que abusou de seu espaço na mídia para condenar Diógenes e aplicar-lhe a pena de execração pública, fazendo as vezes de juiz e carrasco.

Quem realmente participou?

Gaspari disse que a ação foi da VPR e acusou Diógenes, Dulce Maia, Sérgio Ferro, Rodrigo Lefèvre ‘‘e uma pessoa que não foi identificada’’. Logo depois, a Folha (de S. Paulo) e o próprio Gaspari admitiram que Dulce Maia era inocente dessa acusação e lhe pediram desculpas públicas. Aí veio o Sérgio Ferro e esclareceu que o atentado havia sido cometido por outra organização (a ALN), tendo como autores ele próprio, Lefèvre e um tal de Marquinhos, que logo foi morto pela repressão e cujo nome ele não ficou sabendo. Ou seja, Gaspari deu cinco chutes e errou três, por confiar no entulho autoritário. Como a participação do Diógenes não foi provada, sua matéria inteira desabou.

Em um artigo, o sr. escreveu que o arquiteto Sérgio Ferro foi processado por Lovecchio, mas ganhou a ação, porque laudos médicos atestavam que o ferimento da perna dele se complicou por culpa dos agentes do Deops. Como se deu isso?

Lovecchio só perdeu a perna porque seu atendimento médico foi interrompido para que o Deops o interrogasse, provavelmente supondo tratar-se de um participante do atentado atingido pela própria bomba, o que acabou causando a gangrena. Então, o laudo inicial dá conta de que ele poderia restabelecer-se bem do atentado. Já o outro relatório atesta que, no tempo em que ele ficou sendo interrogado pelo Deops, sua perna gangrenou e não podia mais ser salva.

Se fosse possível escolher, o sr. se engajaria novamente na luta contra uma ditadura? Ou mudaria métodos de ação?

Pegar em armas deve ser sempre a última opção. Mas, numa situação como a que existia no Brasil em abril de 1969, quatro meses depois da assinatura do famigerado AI-5, eu pegaria em armas de novo, sim. Pois aquela passou a ser a única forma de resistência possível. E eu continuo fiel aos valores da minha geração, como o de que, diante das injustiças extremas, ser omisso é ser cúmplice.

terça-feira, 25 de março de 2008

Amor eterno



Parabéns a todos que vibram com alegria,
torcem contra o vento
e fazem parte dessa Massa.
O Galo é amor,
não é simpatia.
100 anos. Galo sempre!




quarta-feira, 19 de março de 2008

Manobras

MÍDIA & PODER

IG demite Paulo Henrique Amorim e tira site do ar

O jornalista Paulo Henrique Amorim foi demitido por fax pelo portal IG, no final da tarde desta terça-feira. O site Conversa Afiada foi retirado do ar. Amorim promete colocar novo site no ar ainda hoje.
Redação - Carta Maior




O jornalista Paulo Henrique Amorim confirmou por telefone, há alguns minutos, que foi demitido pelo portal IG por fax, informa Luiz Carlos Azenha, do site Vi o Mundo.
Amorim relatou a Azenha que foi informado, por volta das 17 horas, por fax, que o portal não renovaria o contrato, que vence no dia 31 de dezembro deste ano. No fax, o IG menciona uma cláusula no contrato que daria ao portal o direito de tirar o site do ar dentro do prazo de 60 dias que antece o fim do contrato.
Paulo Henrique Amorim disse também que não poderia gravar entrevista por não ter consultado seu advogado. O jornalista disse que não foi informado do motivo que levou à decisão do IG. "Paulo Henrique Amorim, que também é repórter da TV Record, é crítico tanto de José Serra quanto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso", lembrou Vi o Mundo, que também informa:Dentro de duas horas vai entrar no ar um novo site de Paulo Henrique Amorim. O endereço será http://www.paulohenriqueamorim.com.br/.
Para conferir o blog do PHA, click em "Conversa Afiada" no link ao lado.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Liquidificador

A mudança se faz necessária, mas a necessidade de mudança não se muda sozinha.

O sonho sucumbe os ideais. Só é perfeito, enquanto sonho que é. Se são ideais, não se pode apenas sonhar, é preciso ser idéia e ato.

O prazer da inquietação. O conforto do conformismo. Há prazer no conforto, há ainda mais inquietação no conformismo.

Liberdade, libertinagem e passividade. Só se diferenciam de acordo com a dosagem e a necessidade de uso, sentimento e ação.

Todos os sentimentos se manifestam na ausência da coragem de ficar só, e a sós consigo mesmo!

segunda-feira, 10 de março de 2008

"A injustiça podemos ver"


Jornalista relata casos de violência contra movimentos sociais no Brasil


Recentemente, a jornalista Natália Viana disponibilizou o livro-denúncia "Plantados no chão - Assassinatos políticos no Brasil hoje" (Editora Conrad, 2007) na íntegra para cópia. O livro reporta seis diferentes casos, no espaço rural e urbano, de assassinatos de militantes e pessoas ligadas a alguma luta social, durante o atual período do Estado democrático de direito. Apesar de descrever relativamente poucos casos, o livro coloca em pauta a violência da qual os diversos movimentos sociais são alvos rotineiramente.


Segundo a autora, a dificuldade inicial foi pela inexistência de definição de assassinato político, necessitando assim criá-lo. E, com a ajuda do filósofo Paulo Arantes, definiu-se como sendo a violência praticada contra aqueles que - inseridos em organizações sociais - lutam por direitos coletivos, como o passe livre, a reforma agrária, direitos trabalhistas, demarcação de território indígena, etc. Dessa forma, esse crime não só atenta contra a vida mas, no limite, contra a própria democracia, por impedir a participação política dos indivíduos.


A motivação de tal publicação foi devido a invisibilidade midiática desses casos, os quais continuam a se repetir e os responsáveis permanecem impunes. "Em plena democracia, os verdadeiros mandantes - os interesses econômicos e políticos contrariados pelas atividades das vítimas - parecem continuar poderosos e intocáveis", escreve Jan Rocha, jornalista e escritora, no prefácio do livro. Assim, essa iniciativa também visa agregar novas denúncias e casos através de um blog (http://www.conradeditora.com.br/plantados/), o qual em breve será lançado.





terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Resgate histórico




Desde pequeno sempre me interessei por história, era a disciplina que me dava bem e tinha realmente vontade de estudar, isso na época, era de se louvar, tendo em vista meu pouco interesse pelo Colégio.
O tempo foi passando e a curiosidade sobre os acontecimentos do passado aumentava proporcionalmente com a vontade de estudar. Algumas viagens curtas e muita leitura.

Já na faculdade, o interesse se torna específico: O período da ditadura militar no Brasil.
Entre conversas com um amigo também interessado no assunto e relatos de um professor engajado na causa e participante do Grupo Tortura Nunca Mais, vou me aprofundado nos estudos históricos deste período macabro e instigante da história recente do país.
Li muita coisa, vi vários filmes e ouvi grandes histórias de heróis de esquerda, mitificados por suas participações na luta armada.
Junto deste amigo, organizamos como membros do diretório acadêmico da PUC um debate de relatos e idéias, além de um fanzine intitulado Atitude (com o AI em destaque), que relembrava os 40 anos do golpe militar de 64.
Alguns meses atrás, nas minhas constantes pesquisas na internet sobre o tema, encontro o relato de Celso Lungaretti, um militante que participou da luta armada, sendo preso e torturado brutalmente, como muitos outros, porém com um fato histórico diferente, foi acusado durante mais de 30 anos de uma confissão, ou como muitos preferiam injustamente dizer, “delação” que levou a descobertada de uma base onde se encontrava Carlos Lamarca.
Essa era a história que eu sabia, até então.
Tido como inimigo na direita e traidor na esquerda, Celso luta para provar sua inocência. Consigo o contato direto com ele e adquiro seu livro.
O relato está registrado no “Náufragos da Utopia”, um livro que conta toda essa história, que passa desde os movimentos estudantis da época, luta armada, torturas, injustiças, coragens e vontade de refazer um capítulo da história.
O livro, além de muito bem escrito, traz uma narrativa de agradável leitura, porém, mais do que isso, apresenta relatos interessantes e desmistificam o que sempre achei incoerente em vários outros livros sobre essa época, a mitificação dos grandes heróis da revolução.
Muitos foram sim pessoas de coragem admirável, porém, há grande nomes que foram reconhecidas pela grande mídia que não tiveram papel tão importante assim na revolução, como pintam. Tiveram sim papel fundamental no recebimento de indenizações e pensões vitalícias, deixando para trás, muitos outros que realmente mereciam tal recurso, como Lungaretti.
Este livro, me fez repensar o papel da esquerda hoje, assim como do atual governo.
Muitas coisas passam despercebidas aos olhos românticos do socialismo.

Registro aqui meu relato e meu agradecimento ao Celso, por contribuir de alguma forma para o que considero mais importante no pensamento humano: o poder de questionar.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A Globalização em Davos



Fonte: Portal Uol, 23/01/2008, Mídia Global.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

" O feitiço da Vila "



Em meio ao caos que foi o final de ano, consegui assistir o filme “Noel – Poeta da Vila” no cinema.(veja o trailler: http://alitania.blogspot.com/2007/11/blog-post_21.html).
O filme, do estreante diretor Ricardo Van Steen, retrata a vida e obra de um dos maiores gênios da música brasileira, Noel Rosa. Uma mistura de sutileza e dramaticidade relatam desde a vida conturbada do poeta, a criação de suas principais obras, até a morte precoce.

O elenco foi muito bem representado, com algumas pequenas exceções que, na minha opinião, não comprometem. O ator principal, Rafael Raposo, tem incrível semelhança com Noel, o que aproxima a identificação do filme com o real, além da grande interpretação de Camila Pitanga.

A fotografia é muito bem dirigida, retrata o Rio de Janeiro da época, assim como Vila Isabel, onde nasceu, cresceu e morreu o Poeta.
No elenco, vale ressaltar participações de vários músicos, como por exemplo, Wilson das Neves, sambista consagrado do Rio de Janeiro. Além de interpretar muito bem o papel de Papagaio, amigo de Noel, Wilson nos abrilhanta com sua voz inconfundível em vários trechos do filme, principalmente na cena final, brilhante.

Além disso, é possível acompanhar a relação de Noel com o que viriam ser grandes nomes da música popular brasileira, tais como Cartola, Ismael Silva, Araci de Almeida, Francisco Alves entre outros.

O filme obteve algumas importantes premiações:

- Ganhou os prêmios de Melhor Direção de Arte, Melhor Edição de Som e o Prêmio Especial "Orgulho de Ser Brasileiro", no Festival de Cinema Brasileiro de Miami;
- Ganhou o prêmio de Melhor Filme - Júri Popular, na Mostra de Tiradentes.


Vale muito a pena conferir a história deste gênio tão bem relatada neste filme.

Acessem o site oficial: http://www.noelpoetadavila.com.br/


Abraços!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Povo brasileiro

João é um senhor já com certa idade, que vive em uma casa humilde em um bairro mais humilde ainda de uma cidade do interior. Não se casou, assim como sua irmã Dora, que mora com ele. Sempre diz que até tentou, mas nunca encontrou o verdadeiro amor. Preferiu seguir a vida cuidando da irmã, um pouco mais nova.

A vida nunca abriu os braços para João, saiu de casa cedo e foi ganhar o mundo com trabalho, suor e desilusões. Seguindo seus passos, Dora. Muito trabalho, portas fechadas e poucas oportunidades.
Essa poderia ser a história de José, Carlos, Celso, Maria, Lúcia, mas é a história de João e Dora, que assim como muitos brasileiros, sobrevivem em meio à falta de perspectivas e tentam vencer em um país de miseráveis.

Além da companhia constante de Dora, outra nunca te abandonou, o sorriso.
O amor pela vida e a simplicidade marcaram a vida de João, que jamais se esquivou para as adversidades do caminho e sempre com o peito cheio de amor e dedicação, fez amigos por onde passou. Desde a infância pobre na roça, até os dias atuais, em uma pequena casa na periferia da cidade pequena. Ele costuma dizer que este é o remédio para o vida, e além de tudo, nem precisa comprar.

E assim foi levando a vida, entre uma desilusão e outra, um sorriso no olhar e a humildade de sempre. Pôde, depois de certa idade, sobreviver com a pequena aposentadoria. Dora cuida da casa e do papagaio Tico, amigo inseparável há anos. Todas as noites encontram os vizinhos na “Cozinha Comunitária”, o jantar servido na associação do bairro é aguardado como uma criança que espera o presente de natal. João em meio às gargalhadas sempre diz a Dora: “Coloque a melhor roupa que vamos jantar fora...”.

O sorriso aberto dos dois é o cartão de visitas de quem vai conhecê-los em sua casa. O café quente, feito em uma panela de ferro e fogão à lenha é servido como a mais nobre iguaria ao visitante. As histórias e vivências são relatas com orgulhos pelos dois.
O abraço apertado e o “volte sempre” são a certeza que a vida ensinou muita coisa para eles, principalmente o espírito de igualdade e sinceridade no olhar de quem sofre, luta, mas nunca perde a ternura.




Os nomes são fictícios, assim como parte da história. A foto e a outra parte são reais. Este post é dedicado a Pedro de Carvalho e a Associação dos Vicentinos de Campo Belo, que além de prestarem um serviço maravilhoso a comunidade, me deram a oportunidade de conhecer pessoas como estas.